LIVROS
Sampaio e Melo, da Torre de Moncorvo a Marialva
de Nuno Borrego e João Brandão, 2015
O Século XXI consagrou a Genealogia como uma normalidade. Muitas vezes dissera, antes, que se tratava de uma ciência auxiliar da História, de todas a que mais se aproximava das ciências exactas. Era verdade teórica. Mas na prática, a Genealogia encontrava-se sistematicamente subsumida na nobiliarquia, numa corrida elitista (eramos o “clube dos trezentos”!) e infrene para garimpo de antepassados aristocráticos, uns em linhagens conhecidas repetindo ad nauseaum as obras dos gurus do passado (maxime Felgueiras Gayo, Alão de Morais, Manso de Lima e D. António Caetano de Sousa), acrescentando aqui e acolá, mais uns nomes, um cargo e umas gerações, tudo ilustrado com gravuras de pedras-de-armas e de solares remontando à fartura dos Brasis.
Em certa medida, ressuscitou-se o panegirico, outrora encomendável a frades de biblioteca de então, escritos fabricados artesanalmente pelos amadores da “arte”. Tanto foi que ficou célebre a mordaz precisão da saudosa Senhora Dona Maria Adelaide Pereira de Moraes, quando se discutia a diferença entre o conceito de nobre e de fidalgo. Nobre é o que vive a lei da nobreza, e todos concordamos. Fidalgos, propôs a ilustre confreira, “são os antepassados dos genealogistas”. A gargalhada foi geral. Todos enfiaram a carapuça!